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domingo, 16 de maio de 2010

Foto: Raquel GonçalvesComo parte das comemorações dos seus 201 anos a PMDF realizou no domigo, 16, a 6ª Corrida Tiradentes.

domingo, 2 de maio de 2010

Raquel Gonçalves entrevista Cynthia Greiner



"O poder que o jornalista tem não pode se transformar em arrogância. Temos uma responsabilidade imensa com o outro".

O sonho da então diretora de redação da revista feminina NOVA se realizou quando aceitou a função de Márcia Neder em CLÁUDIA. Em março, Márcia esvaziou suas gavetas na redação da revista para assumir novos compromissos, sair da zona de conforto, como ela própria disse em seu último editorial. Cynthia Greiner, formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo - USP, casada e mãe de um menino de 14 anos, pôde iniciar sua renovação que, segundo ela é a fonte de sua energia e criatividade.


No editorial em que Márcia Neder apresenta você como a nova diretora de redação de CLÁUDIA, sua declaração foi: "Estou realizando um sonho". Fale-me um pouco sobre esse sonho. Por que CLÁUDIA?


Porque CLÁUDIA é a maior revista feminina deste país. Ela tem mais de 2 milhões de leitoras, é uma marca, são muitas em uma. É CLÁUDIA revista, site, bebê, comida e bebida, prêmio CLÁUDIA. Então, dentro da editora abril, que é onde construi minha carreira de jornalista, estou aqui há vinte anos, CLÁUDIA tornou-se meu sonho. Além de ser o terceiro maior negócio da editora, CLÁUDIA só perde para Veja e Playboy.


Onde você cursou jornalismo e como era ser jornalista quando concluiu o curso?

Eu fiz jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP, e não vejo muita diferença de hoje, a maior diferença que observo é que passamos pelo processo da globalização. Isso mudou muito a visão das empresas. Fizeram fusões, se agigantaram, buscaram novas maneiras de atuar para não sucumbirem. Temos menos ofertas de empregos e muita gente correndo atrás deles. Então, precisamos ser cada vez melhores, mais qualificados e competitivos.


O webjornalismo está a cada dia conquistando mais espaço. Ele deve ser parte importante da sua carreira, pois CLÁUDIA tem um site, assim como todas as revistas da editora Abril. Você já trabalhou em outras mídias? Qual é o seu modelo preferido para fazer comunicação?

Os meus preferidos! Não tenho paixão por um. São todos preferidos. Posso dizer que sou uma jornalista multimídia. Isso faz parte do futuro de todos nós. Os profissionais tem que dominar a mutimidialidade, não é que tenham que se especializar em todos, mas tem que dominar todos. As coisas estão muito interligadas hoje em dia. Assim é em CLÁUDIA, ela está no twitter, no site, no impresso, nas propagandas de rádio. Hoje, se tem preferência pelo jornalista multimídia, e eu acho isso uma delícia.


O jornalismo digital nos enreda com algumas técnicas que os outros meios de comunicação não têm, como a interatividade e a personalização. Você pensa que o jornalismo impresso - jornais, revistas - estão perdendo espaço e correm sério risco de deixar de existir?

Eu não penso assim. Eu penso que sempre surge uma grande novidade, principalmente tecnológica. Em seguida ao novo, vem a acomodação, há uma grande surpresa, mas depois tudo se acomoda. Se fosse assim, quando a T.V surgiu, o rádio teria, os poucos, morrido. O rádio jamais morreu. Ele está mais vido que nunca. Eu mesma sou uma consumidora voraz de rádio.


Cynthia, qual foi a matéria mais emocionante, que talvez até tenha levado você às lágrimas, e qual a mais fria que você já fez ao longo dos seus 20 anos de carreira?

A mais emocionante que eu fiz foi um projeto da revista NOVA chamado A Nova Mulher Brasileira. A revista percorreu cinco diferentes estados ouvindo leitoras. Uma dessas leitoras era de Brasília, uma médica pediatra neonatal. Houve um momento em que ela disse que os médicos são tidos como pessoas frias, para que consigam lidar com as duras realidades que enfrentam. A médica estava segurando um recém-nascido, com cinco meses e que havia acabado de salvar. Ela começou a chorar, dizendo entre um soluço e outro, que as pessoas pensam errado sobre os médicos, que eles não são frios ou insensíveis, isso me emocionou bastante. E a matéria mais sem emoção, essa eu vou ficar devendo, pois tudo que faço dou um jeito para que fique apaixonante.


Como você enxerga a ética jornalística. Na sua opinião, tem que haver ou não um limite pré-estabelecido entre o fato e a forma como ele vai ser veiculado?

Tem que haver respeito, principalmente, além da lei já estabelecer normas e punições com relação a isso. Temos que observar com muito cuidado, pois podemos causar danos eternos à vida das pessoas. O jornalista carrega uma responsabilidade imensa nas costas, tem que apurar os fatos exaustivamente e, ainda, depois da apuração cuidadosa, precisa pensar bem naquilo que vai divulgar. Há um caso recente de uma revista alemã, voltada para o público jovem, que já teve problemas no passado com relação a divulgação de falsos depoimentos. Grandes perfis publicados por ela, eram na verdade, inventados. A última publicação veio à tona, pois se tratava de uma pseudo entrevista com a Beyoncé. A equipe da popstar leu a matéria, achou algumas declarações um tanto estranhas, checou que não partiram dela e denunciou. Ainda há o problema do poder que o jornalista tem. Esse poder em uma personalidade não muito bem acabada, gera arrogância e se corre o risco de pôr tudo a perder.


Cynthia, você pode deixar um recado para os futuros jornalistas?

Sim, claro. Aqueles que almejam ser bons profissionais de comunicação devem querer muita ação, inspiração e transpiração. Trabalhar com ética e excelência, olhar para si mesmo e dizer: não sou perfeito, mas vou fazer o melhor que eu posso.