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terça-feira, 11 de outubro de 2011




Discussão moral acerca do filme UM ATO DE CORAGEM


Originalmente John Q e traduzido para o português como Um ato de coragem, o filme do ano 2002 trata de atitudes, comportamentos, escolhas, que deveriam, como ao longo das décadas, serem tomadas à luz dos princípios morais que se adquire em primeiro no seio da família e logo depois pelo convívio em sociedade. A questão é que valores são diferentes para diferentes pessoas e em diferentes circunstâncias.
A discussão sobre a moral pode perfeitamente permear todos os segmentos da sociedade em Um ato de coragem. Desde o hospital representado por seus diretores, que tem como pilar da moral os milhões de dólares ganhos todos os anos à custa da saúde daqueles que podem pagar por ela; a imprensa, que burla o sistema policial para conseguir um bom “furo” de reportagem e viola a moral profissional; o policial negociador representado por Ray Liotta, que vislumbra tão somente que a sua imagem de bom policial não seja maculada pela circunstância.
Porém, a maior discussão ética da obra cinematográfica gira em torno da atitude desesperada, contudo em nenhum momento inconsequente do pai de uma tradicional e religiosa família americana à beira da falência, que tenta por todos os meios legais salvar a vida do filho através de um transplante de coração pelo qual ele não podia pagar. Buscando o apoio do estado, se desfazendo dos objetos pessoais, apelando até mesmo para programas sensacionalistas da TV a moral ainda era superior ao desespero.
Contudo diante da frase “faça qualquer coisa” proferida pela esposa, todos os valores adquiridos ou inatos na vida daquele pai, passam a ser diminutos. Então, a moral toma outro significado, naquele momento vale qualquer atitude, até mesmo manter pessoas inocentes e alheias à situação reféns da sua necessidade. Muito mais que isso, vale doar a própria vida em prol do maior valor.
Apenas vive-se a moralidade impositiva até o momento em que valores maiores, como o amor, passam a ser ameaçados. Olhando pelo prisma individual, a atitude do personagem de Denzel Washington não é admissível, pois coloca em questão os valores de outros, além disso, considerando o princípio deontológico, no qual uma ação moral é aquela que pode ser universalizada, ou repetida em qualquer lugar ou situação, também não é moral, não se pode admitir que pessoas gerem sofrimento a outras militando em causa própria.
Entretanto, se focarmos o princípio do consequencialismo, que sustenta que uma ação moral é aquela que produz boas consequências, a reação de John Q foi perfeitamente aceitável, pois produziu a consequência desejada, que era salvar a vida de seu filho, bastando para tanto, não ferir ninguém ou em último resultado tão somente ele mesmo. Soma-se a isso, o fato de a ação de John Q ter causado comoção nacional ao ponto de gerar uma discussão sobre os valores adotados por aquela nação.
Uma sociedade onde cada um vive por si e para si, sem atentar para a importância da alteridade, fatalmente sucumbe ao fracasso. Uma sociedade que usa as situações para crescer e desenvolver valores antes negligenciados delineia o sucesso.

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