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segunda-feira, 26 de abril de 2010

1956, um olhar sobre o amanhã


História ou apenas profecia, a capital do Brasil que povoou os sonhos do padre salesiano João Bosco, na Itália do séc. XIX foi obstinadamente erguida entre os paralelos 15 e 20. E, tomando o projeto para si, Juscelino, quase um séc. depois, então presidente do país há apenas três meses, empreende a promessa de campanha, viver cinquenta anos em cinco, tirar do papel a construção da Capital no planalto central do Brasil.
Entre alguns pesadelos, hoje mais reais do que nunca, foi erguida Brasília, a cidade idealizada, a promessa de futuro. Numa pista precária, de dois mil metros, JK fez sua primeira visita ao lugar que iria carimbar para sempre o seu nome na história.
A cidade, que pelo projeto da comissão julgadora formada em 1957 no Rio de Janeiro, por brasileiros e estrangeiros, teria em torno de 600 mil habitantes, chega aos 21 de abril de 2010, 50 anos depois, com mais de dois milhões de habitantes, estimativa feita pelo IBGE.
Chega a meio século com inúmeros problemas estruturais, políticos, sociais, mas não foge à regra da cidade que abrigou a capital brasileira por séculos. O Rio de Janeiro há muito esquecido nas comemorações dos aniversários de Brasília, parece ter transferido não apenas a sede do governo brasileiro transferiu também todo pacote herdado desde o Brasil império.
A beleza singular, projetada de forma diferente no Planalto Central, a corrupção já detectada desde a monarquia, a falta de preocupação real com a sociedade, são só algumas heranças com as quais temos que conviver. Isso não significa dizer que os cariocas são os vilões e os brasilienses mocinhos desse faroeste caboclo, como cantou Renato Russo, filho de Brasília. Essa herança vem da nossa colonização exploratória. Mas isso é outra história.
A política do pão e circo tem sido praticada durante grande parte das décadas em que se arrasta uma cidade criada para ter limites territoriais e ilimitados nos direitos políticos. Quanto aos limites territoriais, sabe-se que há muito já foram além fronteiras, criando-se as chamadas cidades do entorno, que superlotam os hospitais e escolas de Brasília. Governos, que para autopromoção escancararam as portas da capital gerando bolsões de pobreza, com precária ou nenhuma infra-estrutura.
Deixando de lado as questões territoriais e voltando o olhar para outro bolsão, nesse caso o da corrupção, enxergamos uma Brasília que vem resistindo bravamente aos ataques de gente que supostamente deveria colaborar para que o sonho fosse vivido de forma, no mínimo, agradável. Apesar do recente reconhecimento que, não só Brasília, mas o Brasil vem tendo no cenário internacional, alguns foram contaminados por um vírus muito mais mortal que o H1N1.
O vírus da corrupção que parece ainda não ter cura nem vacina invadiu o Planalto Central, encontrou no centro do poder um criadouro propício, mas ainda assim, Brasília, como as mulheres que habitam nela, tem lutado por reconhecimento, tem mostrado que sabe fazer justiça, que pode se levantar e continuar trilhando o caminho dos sonhos.

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