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segunda-feira, 12 de abril de 2010


O virtual transformando o material

Pierre Levy, um filósofo da informação que se ocupa em estudar as interações entre a internet e a sociedade, ainda que nos levando, por vezes, a trilhar o caminho dos devaneios, encontra em nossa capacidade de raciocínio o porto para reflexões sobre a “mutação contemporânea da relação com o saber”, conforme suas próprias palavras.
Segundo sua definição, o ciberespaço é a interconexão dos computadores do planeta, é a região dos mundos virtuais pelo intermédio dos quais as comunidades descobrem e constroem sua identidade crítica e se reconhecem como parte do mundo inteligente, e a cibercultura se apóia em um novo estilo de pedagogia que favoreça o antigo, os conhecimentos adquiridos pelas pessoas através do aprendizado convencional e o novo, o aprendizado cooperativo em rede. Nesse último, o professor passa a ser cooperador da Inteligência coletiva, desta forma ele não é tão somente uma fonte de conhecimento como tradicionalmente o era.
Na cibercultura é valorizado o novo estilo de construção do saber. Tudo está no mesmo plano, porém diferente. A rede de computadores interligada está longe de ser uma massa robotizada e levada pelas construções apresentadas e pré-definidas. É um canal de valorização da mistura do conhecimento adquirido e dos multifacetados pontos de vista.
O saber, na cibercultura expressa o pensamento das mentes do mundo, ao contrário do que ocorria no século das luzes, quando o conhecimento era restrito a determinado grupo de pessoas diferenciadas que buscavam a compreensão de fatos emergentes e por isso, se destacavam dos demais.
Além disso, o ciberespaço, hospedeiro da cibercultura, está longe de ser inanimado. Ele apresenta infinitas e correlacionadas possibilidades de observar o mundo e a construção dos saberes.
A realidade é a transição entre a educação tradicional, de forma institucionalizada, para um modelo móvel. A maioria dos conhecimentos adquiridos na geração da carreira, ao meio já estarão obsoletos. O turbilhão de acontecimentos sociais, econômicos, políticos e afins geram, necessariamente, carga de conhecimentos não estática e aberta aos novos conceitos.
A possibilidade da disseminação de saberes proporcionada pelo ciberespaço gera relação intensa com a produção e a transmissão de informação. É fato que está cada vez menos observável a distinção entre produção de conhecimento real e a cooperação de conhecimento, que se dá no mundo virtual. A virtualidade é expressa pela capacidade de utilização de meios que a construção de saber presencial não detém.
Características do ciberespaço como a multimidialidade, a hipertextualidade e a perenidade quebram paradigmas didáticos e geram a possibilidade real de construção da inteligência coletiva, que é formada pela união de saberes na dentro do mundo virtual.
Nas salas virtuais, mestres e aprendizes correlacionam os recursos multimídia e materiais de que dispõem para aprender juntos e de forma perene, tanto os conhecimentos pré-adquiridos quanto os em construção. Com isso, o que está sendo gerado é uma profunda modificação da relação com o saber.
O mundo passou por três tipos de relação com o conhecimento e está mergulhando na quarta. O Primeiro era aquele que acabava com a morte de alguém que detinha saberes e que não os distribuiu se não se perdia tudo, era quase tudo do que se compreendia.
O segundo, com o advento da escrita, o livro é o suporte para o saber, carrega tudo que se conhece e discerne, porém necessita de alguém para desvendá-lo. Um terceiro tipo de conhecimento e que vem dando lugar ao quarto tipo, é o saber estruturado por uma série de remissões, a enciclopédia. Inundada de conhecimentos estáticos e impossíveis de interagir.
Então, surge de forma audaciosa o quarto tipo de conhecimento, carregado pelo ciberespaço. É a desterritorialização da enciclopédia, onde as pessoas constroem seus objetivos e se enxergam como parte de um coletivo inteligente, tem a possibilidade, através das ferramentas oferecidas no mundo virtual, de discorrer e participar dos avanços sociais, tecnológicos, científicos, não são mais apenas depósitos de conhecimentos gerados, fazem parte da geração deles.


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